A arquitecta Cristina Salvador venceu o IV Prémio Fernando Távora com um projecto de investigação no Deserto do Namibe, em Angola, anunciou ontem, em Matosinhos, a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Ao prémio - que consiste na atribuição de uma bolsa de viagem de cinco mil euros, para a melhor proposta de viagem de investigação apresentada - candidataram-se este ano 30 projectos de arquitectos inscritos na Ordem, o maior número de propostas de sempre.
Nascida em 1947, Cristina Salvador propõe-se visitar os espaços do Deserto do Namibe, partindo de Luanda até à cidade de Namibe (antiga Moçâmedes) e daí por estrada até ao Tombwa, perto de Njambasana, onde fica a sede do CE.DO - Centro de Estudos do Deserto, que será a base da viagem.
“O espaço do Deserto do Namibe, as fronteiras entre o Deserto e os assentamentos, entre o Deserto e o Mar, a travessia, o encontro e as trocas entre comerciantes e pastores e, por outro lado, o encontro e a troca de pesquisas antropológicas, económicas e espaciais, possíveis através do CE.DO, levam-me a fazer a mala e meter-me ao caminho.
Na preparação da viagem pensei em Nietzsche e na forma como remete o tema do Deserto para o vazio, para o desconhecido, no vazio de que temos uma poderosa necessidade de “encher” com a nossa própria presença, de o dominar. Pensei também no simbolismo do Deserto e nos mitos com ele relacionados, tais como o Burro (ou Camelo) – animais do Deserto (também eles niilistas?). Carregam, carregam com fardos até ao fim do deserto.” Excertos da proposta de viagem
O Júri congratulou-se com a qualidade da maior parte das propostas concorrentes e reconheceu que o trabalho premiado se distingue por corresponder da melhor maneira aos objectivos do Prémio e à própria ideia de viagem defendida por Fernando Távora, especialmente no que respeita à “extraordinária capacidade de investigar sobre o sentido das coisas, as suas raízes, a grande curiosidade pelo outro, ancorada numa forte ligação ao seu contexto de origem, na defesa da dignidade do homem, e respeitador das suas diferenças”; pela qualidade da sua escrita, marcada pela clareza e pela síntese e pela originalidade da proposta – “analisar a forma como os pequenos comerciantes, atravessando regularmente o deserto com os seus burros e carregamentos em busca de pastores, são os primeiros organizadores do território e saber quais são as questões que essa organização levanta”, “aí onde a intervenção do homem são indícios, marcas, traços e encontros sazonais, tendo por base o que aparentemente parece ser uma actividade económica reduzida mas regular e reguladora, mais do que em cidades e periferias, onde na maior parte dos casos o essencial está fragmentado, disperso ou fortemente condicionado”.
Atribuído anualmente, e dirigido a todos os arquitectos inscritos na OA, o Prémio, uma homenagem ao arquitecto Fernando Távora, é constituído por uma bolsa de viagem para a melhor proposta de viagem de investigação.
O Júri desta 4ª edição foi constituído pela artista plástica Helena Almeida, pelo Professor Doutor Arnaldo Saraiva pelos arquitectos João Luís Carrilho da Graça, Sergio Fernandez e Ana Maio (em representação da OASRN).
Nas edições anteriores foram vencedores os arquitectos Nelson Mota, com a proposta “Viagem ao Espaço Doméstico e às Cidades da Burguesia do Final do Século XIX” (1ª edição), Sílvia Benedito com “Quadrícula Emocional- Um Urbanismo Híbrido entre Natureza e Arquitectura nas Cidades Atlânticas Portuguesas do Século XVI” (2ª edição) e Maria Moita, com o trabalho.
“Arquitectura para o Desenvolvimento. Intervenções de Emergência e de Permanência no Sudoeste Asiático” (3ª edição).
Imagens da arquitecta Cristina Salvador e da proposta de viagem estão disponíveis para download em http://www.box.net/shared/eilampjacp
Nascida em 1947, Cristina Salvador propõe-se visitar os espaços do Deserto do Namibe, partindo de Luanda até à cidade de Namibe (antiga Moçâmedes) e daí por estrada até ao Tombwa, perto de Njambasana, onde fica a sede do CE.DO - Centro de Estudos do Deserto, que será a base da viagem.
“O espaço do Deserto do Namibe, as fronteiras entre o Deserto e os assentamentos, entre o Deserto e o Mar, a travessia, o encontro e as trocas entre comerciantes e pastores e, por outro lado, o encontro e a troca de pesquisas antropológicas, económicas e espaciais, possíveis através do CE.DO, levam-me a fazer a mala e meter-me ao caminho.
Na preparação da viagem pensei em Nietzsche e na forma como remete o tema do Deserto para o vazio, para o desconhecido, no vazio de que temos uma poderosa necessidade de “encher” com a nossa própria presença, de o dominar. Pensei também no simbolismo do Deserto e nos mitos com ele relacionados, tais como o Burro (ou Camelo) – animais do Deserto (também eles niilistas?). Carregam, carregam com fardos até ao fim do deserto.” Excertos da proposta de viagem
O Júri congratulou-se com a qualidade da maior parte das propostas concorrentes e reconheceu que o trabalho premiado se distingue por corresponder da melhor maneira aos objectivos do Prémio e à própria ideia de viagem defendida por Fernando Távora, especialmente no que respeita à “extraordinária capacidade de investigar sobre o sentido das coisas, as suas raízes, a grande curiosidade pelo outro, ancorada numa forte ligação ao seu contexto de origem, na defesa da dignidade do homem, e respeitador das suas diferenças”; pela qualidade da sua escrita, marcada pela clareza e pela síntese e pela originalidade da proposta – “analisar a forma como os pequenos comerciantes, atravessando regularmente o deserto com os seus burros e carregamentos em busca de pastores, são os primeiros organizadores do território e saber quais são as questões que essa organização levanta”, “aí onde a intervenção do homem são indícios, marcas, traços e encontros sazonais, tendo por base o que aparentemente parece ser uma actividade económica reduzida mas regular e reguladora, mais do que em cidades e periferias, onde na maior parte dos casos o essencial está fragmentado, disperso ou fortemente condicionado”.
Atribuído anualmente, e dirigido a todos os arquitectos inscritos na OA, o Prémio, uma homenagem ao arquitecto Fernando Távora, é constituído por uma bolsa de viagem para a melhor proposta de viagem de investigação.
O Júri desta 4ª edição foi constituído pela artista plástica Helena Almeida, pelo Professor Doutor Arnaldo Saraiva pelos arquitectos João Luís Carrilho da Graça, Sergio Fernandez e Ana Maio (em representação da OASRN).
Nas edições anteriores foram vencedores os arquitectos Nelson Mota, com a proposta “Viagem ao Espaço Doméstico e às Cidades da Burguesia do Final do Século XIX” (1ª edição), Sílvia Benedito com “Quadrícula Emocional- Um Urbanismo Híbrido entre Natureza e Arquitectura nas Cidades Atlânticas Portuguesas do Século XVI” (2ª edição) e Maria Moita, com o trabalho.
“Arquitectura para o Desenvolvimento. Intervenções de Emergência e de Permanência no Sudoeste Asiático” (3ª edição).
Imagens da arquitecta Cristina Salvador e da proposta de viagem estão disponíveis para download em http://www.box.net/shared/eilampjacp