O cenário passa despercebido a quem atravessa a vila de Valença. No interior dos grandes prédios da Cidade Nova há centenas de lojas devolutas, por estrear, degradadas, com vidros e chão partidos, "pixadas" e até incendiadas.
São edifícios que, na década de 80, nasceram a um ritmo alucinante no encalço do "el dorado" que a vocação comercial demonstrada por aquela vila de fronteira prometia. "Valença teve um crescimento desmesurado e um pouco anárquico. Pensou-se que a vila, pela apetência comercial que tem, tudo albergaria, no entanto, o crescimento tem de ser harmonioso, progressivo, por áreas geográficas…Tudo seria muito bonito se, de cada vez que colocasse-mos em plena utilização um centro comercial, avançassemos para outro, mas o problema foi que num curto espaço de tempo cresceram dez centros comerciais e nenhum deles ficou em plena utilização", comentou Joaquim Covas, vereador na Câmara de Valença e presidente da União Empresarial do Vale do Minho (UEVM), justificando: "Na década de 80 tudo se construía, tudo se vendia".
Segundo Covas, a construção excessiva resultou numa discrepância nos preços das lojas - por 100 euros é possível alugar um espaço com 100 m2 na Cidade Nova, enquanto que na avenida principal da vila um com a mesma área pode custar mais de quatro mil euros -, e também no "abandono sistemático" de espaços comerciais. "Alguns ainda funcionam pela proximidade que têm em relação à fortaleza, por estarem integrados em zonas de frequência comercial ou de movimento de turistas, mas o resto é o que se vê".
À vista desarmada é possível constatar a urbanização desmedida de Valença, mas o "oco" dos edifícios construídos quase exclusivamente para comércio, permanece oculto ao olhar de quem passa. A inutilidade e a decadência do miolo das urbanizações recentes, contrastam com a dinâmica e plena ocupação de algumas artérias urbanas, viradas a zonas de passagem, e de todo o interior da histórica fortaleza, que está ser alvo de requalificação com a traça do arquitecto Eduardo Souto Moura e onde há anos o comércio prolifera porta sim, por sim. "Valença tem uma grande densidade comercial, das maiores do país, mas também tem problemas dessa natureza.", admite Joaquim Covas.
O Centro Comercial Europa, situado na Cidade Nova, é exemplo de que Valença terá mais lojas fechadas do que abertas, não porque tenham encerrado, mas porque uma boa parte nunca chegou a abrir. "O que está abandonado é o interior do centro. A minha casa tem porta para o exterior".É assim que Abel Vinhas, 54 anos, justifica porque aceita pagar uma renda de 450 euros para explorar um estabelecimento de bebidas, o "Star bar", instalado na loja 50 de um edifício onde não se vê vivalma e em que a loja vizinha está totalmente destruída por um incêndio.
Purificação Malheiro, da empresa de condomínios Gomes e Malheiro, responsável pelos sete blocos habitacionais e comerciais da Cidade Nova, revela, por exemplo, que das 80 lojas do Centro Comercial Europa apenas "20 por cento" se encontram ocupadas e que o cenário em volta é semelhante.
Mais informações:http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais...ent_id=1249936
São edifícios que, na década de 80, nasceram a um ritmo alucinante no encalço do "el dorado" que a vocação comercial demonstrada por aquela vila de fronteira prometia. "Valença teve um crescimento desmesurado e um pouco anárquico. Pensou-se que a vila, pela apetência comercial que tem, tudo albergaria, no entanto, o crescimento tem de ser harmonioso, progressivo, por áreas geográficas…Tudo seria muito bonito se, de cada vez que colocasse-mos em plena utilização um centro comercial, avançassemos para outro, mas o problema foi que num curto espaço de tempo cresceram dez centros comerciais e nenhum deles ficou em plena utilização", comentou Joaquim Covas, vereador na Câmara de Valença e presidente da União Empresarial do Vale do Minho (UEVM), justificando: "Na década de 80 tudo se construía, tudo se vendia".
Segundo Covas, a construção excessiva resultou numa discrepância nos preços das lojas - por 100 euros é possível alugar um espaço com 100 m2 na Cidade Nova, enquanto que na avenida principal da vila um com a mesma área pode custar mais de quatro mil euros -, e também no "abandono sistemático" de espaços comerciais. "Alguns ainda funcionam pela proximidade que têm em relação à fortaleza, por estarem integrados em zonas de frequência comercial ou de movimento de turistas, mas o resto é o que se vê".
À vista desarmada é possível constatar a urbanização desmedida de Valença, mas o "oco" dos edifícios construídos quase exclusivamente para comércio, permanece oculto ao olhar de quem passa. A inutilidade e a decadência do miolo das urbanizações recentes, contrastam com a dinâmica e plena ocupação de algumas artérias urbanas, viradas a zonas de passagem, e de todo o interior da histórica fortaleza, que está ser alvo de requalificação com a traça do arquitecto Eduardo Souto Moura e onde há anos o comércio prolifera porta sim, por sim. "Valença tem uma grande densidade comercial, das maiores do país, mas também tem problemas dessa natureza.", admite Joaquim Covas.
O Centro Comercial Europa, situado na Cidade Nova, é exemplo de que Valença terá mais lojas fechadas do que abertas, não porque tenham encerrado, mas porque uma boa parte nunca chegou a abrir. "O que está abandonado é o interior do centro. A minha casa tem porta para o exterior".É assim que Abel Vinhas, 54 anos, justifica porque aceita pagar uma renda de 450 euros para explorar um estabelecimento de bebidas, o "Star bar", instalado na loja 50 de um edifício onde não se vê vivalma e em que a loja vizinha está totalmente destruída por um incêndio.
Purificação Malheiro, da empresa de condomínios Gomes e Malheiro, responsável pelos sete blocos habitacionais e comerciais da Cidade Nova, revela, por exemplo, que das 80 lojas do Centro Comercial Europa apenas "20 por cento" se encontram ocupadas e que o cenário em volta é semelhante.
Mais informações:http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais...ent_id=1249936