PROCURA - Arquitecto / projecto - 550 projectos on-line

Última edição - DARCO Magazine 16 - 268 páginas

Última edição - DARCO Magazine 16 - 268 páginas
FRANCISCO MANGADO . EDIÇÃO MONOGRÁFICA ESPECIAL

UMA CASA UNIFAMILIAR SUSTENTÁVEL . A2GARQUITECTURA . ARQUITECTAR´09

Uma casa Unifamiliar Sustentável . arquitectar ´09

O sítio escolhido para projectar a casa sustentável localiza-se entre Moledo e Vila Praia de Âncora.Um local desigual, com uma beleza incomparável, perfeita para a implantação de uma casa, pelas suas planícies verdes que se estendem até ao mar, protegidas pelas montanhas que acompanham a costa.

O conceito desenvolve-se a partir do estudo do organigrama funcional do programa. Percebemos que ao trabalhar cada compartimento como um modulo individual, como uma construção autónoma, teríamos diversas vantagens, do ponto de vista da organização espacial como da sustentabilidade da própria casa. A articulação dos diversos volumes surge numa fluidez espacial entre cheios e vazios, entre o interior e o exterior. Estabelece-se a construção entre volumes e pátios interiores.


Os pátios assumem um papel crucial na relação entre o habitar, e na relação com a natureza e com o mar. Durante todo o ano permitem ser utilizados como espaços interior / exterior. No inverno, fechados, criam um clima confortável, no verão, abertos e protegidos do sol, um espaço mais fresco que a temperatura exterior. Conforme a estação podem ser considerados espaços interiores como exteriores, mantendo um papel activo e funcional durante todas as estações do ano.

A nível da sustentabilidade os pátios no inverno funcionam como estufas aquecendo os espaços adjacentes, no verão pelo processo inverso as coberturas de vidro dos pátios são protegidas pelos sombreamentos exteriores, as portas de vidro abrem-se e passam a ser espaços exteriores arrefecendo o ar antes de entrar no interior da casa. Os pátios funcionam sempre como uma espaço intermédio entre o interior e o exterior, com um clima próprio, que no inverno aquece o ar antes de entrar e no verão o arrefece.
A solução de cada espaço em ser um volume autónomo, aumenta as perdas pela envolvente pois existe mais superfície exterior do que se os compartimentos estivessem contíguos, mas com os pátios/estufa essas perdas anulam-se e convertem-se em ganhos.


Do ponto de vista formal, cada volume assume uma forma individual que ligados entre si pelos pátios formam uma espécie de “vila”. Este carácter de “casa” que acompanha cada compartimento foi desenhado de uma forma orgânica, para se relacionar com a paisagem de um modo mais natural. A cumeeira das coberturas deixam de ser tradicionalmente perpendiculares aos extremos de cada volume e relacionam-se com as outras cumeeiras dos módulos que compõem a casa. Cada unidade tem uma identidade própria e cada uma cria uma relação individual com o exterior e com o interior. Funcionam autonomamente na sua relação com a envolvente e articulados com os pátios formam uma unidade de conjunto.
A forma traz-nos referências da casa tradicional, a unidade do conjunto remete a uma linguagem contemporânea, a um formalismo orgânico que se adapta à relação com o sitio.
Os planos inclinados das coberturas proporcionam espaços amplos no interior, incrementando a qualidade do ar, permitindo que o ar saturado suba mais alto e se misture com mais ar, atenuando as toxinas nele existentes.


A qualidade espacial também é incrementada pelos espaços interiores amplos e desafogados, resultam mais confortáveis e não implicam um maior consumo energético. A casa pelas estratégias bioclimáticas adoptadas necessita apenas de ser aquecida pontualmente em situações extremas.Para tirar mais partido da solução optamos por implementar grelhas de ventilação natural nos topos da cobertura de cada volume e nas caixilharias das janelas, intensificando a ventilação natural. Na estação de arrefecimento o ar quente sobe e é extraído naturalmente pelo ponto mais alto, no inverno as grelhas superiores ficam fechadas de forma a não se perder o ar quente, porém as grelhas das janelas permanecem activas permitindo a renovação do ar durante todas as estações ( aberturas auto-reguladas certificadas ).

O sistema de recolha de água das chuvas consiste numa caleira oculta na intersecção dos telhados que conduzem as águas para tubagens colocadas entre as paredes dos volumes, dirigindo a água para uma cisterna enterrada que depois é bombeada por uma rede independente para as descargas sanitárias e para rega.

O sistema de construção dos volumes consiste em paredes e tectos em betão, isoladas por um sistema continuo pelo exterior que garantem a eliminação das pontes térmicas. O betão garante a inércia térmica em contacto com o ambiente interior para condicionar as temperaturas tendo em vista o binómio energia-conforto.

Para o revestimento final exterior, escolhemos o uso de vigas de madeira reciclada,provenientes das linhas de comboio desactivadas no norte do pais,que têm vindo a ser reconvertidas em eco pistas para actividades de lazer. A madeira após tratada e rectificada é utilizada como revestimento exterior da construção.

A vista de mar confinou a disposição dos espaços. As áreas de maior permanência, as sociais, são voltadas a sul e poente, para poderem além das vistas de mar tirarem partido da orientação solar. Os quartos que idealmente deveriam ser orientados a nascente devido à energia solar são orientados a poente e norte para puderem também usufruir do mar. O alçado a nascente voltado para a rua faz os acessos à habitação.
Os vãos foram calculados de forma a existir um equilíbrio entre ganhos e perdas. Nas fachadas orientadas a sul os vãos são maiores, nas fachadas a poente são mais controlados e a norte mais fechados. As caixilharias são de controle térmico com aberturas auto-reguladas certificadas.

Os sombreamentos exteriores dos vãos, consistem num sistema de lâminas horizontais orientáveis, permitindo reflectir os raios solares não desejados e ao mesmo tempo usufruir da vista de mar. Nas estufas/pátios utiliza-se um sistema de lonas black-out integradas na própria caixilharia permitindo cobrir completamente a parte superior durante o verão. As portas de vidro dos pátios não têm qualquer protecção. Na estação de aquecimento permanecem fechados e na estação de arrefecimento abertos.
O edifício foi projectado de forma a não necessitar de sistemas de arrefecimento mecânicos, mas na estação de aquecimento poderá ser necessário pontualmente ter alguma fonte de calor, quando os meios passivos não consigam por si só climatizar toda a casa. Nesses momentos e derivado ao local onde se situa a casa rodeado de pequenos bosques, utiliza-se um sistema de aquecimento a biomassa por meio de recuperador de calor.

Os sistemas solares térmicos, para produção de AQS, são constituídos por dois colectores com área total superior a 4m2 calculado para 4 ocupantes.
As pendentes das coberturas foram definidas pela inclinação mais favorável para os colectores solares para obterem maior rendimento, calculado segundo o software solterm. A integração dos painéis na arquitectura era um dos objectivos da proposta. Acreditamos que as soluções sustentáveis devem fazer parte da arquitectura como um todo.

Área útil : 292 m2 ;
Área pátios : 71,20 m2 ;
Área bruta :
421 m2;"
Arquitectura:A2Garquitectura

Deixe o seu comentário

Nome

Email

Mensagem

darco magazine 15

darco magazine 14

darco magazine 13

darco magazine 12

darco magazine 11

darco magazine 10

darco magazine 09

Darco Magazine 08

darco magazine 07

darco magazine 06

darco magazine 05

darco magazine 04

darco magazine 03

darco magazine 02

darco magazine 01