Projecto capitólio . Alberto Sousa de Oliveira
Parque Mayer . Manuel Aires Mateus
O projecto de Reabilitação do Cine-Teatro Capitólio, Teatro Raul Solnado e o Plano de Pormenor do Parque Mayer, da autoria, respectivamente, de Alberto Souza de Oliveira e Manuel Aires Mateus vão abrir, neste ano de 2010, o Ciclo Passar à Prática, no âmbito do qual a OASRS já acolheu, em registo de discussão aberta ao público, os projectos da Fundação Champalimaud, o projecto do Largo do Rato, o Terreiro do Paço ou o projecto do Museu dos Coches, entre outros que lotaram o auditório em 2009.
Desta feita serão os arquitectos autores que, no dia 23 de Abril, às 21h, trarão ao Auditório Nuno Teotónio Pereira, na Sede Nacional da Ordem dos Arquitectos, o projecto de Reabilitação do Cine-teatro Capitólio, cujas obras já decorrem, e o Plano de Pormenor para o Parque Mayer, Jardim Botânico, Edifícios da Politécnica e área envolvente– ambas as intervenções seleccionadas na sequência de concursos públicos lançados pela Câmara Municipal de Lisboa.
A OASRS designou o arquitecto Carrilho da Graça para o júri do Concurso do Plano de Pormenor do Parque Mayer.
A apresentação será seguida de debate moderado por Leonor Cintra Gomes, presidente da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos.
A entrada no debate é livre.
Este evento foi validado com um crédito pelo Conselho Regional de Admissão do Sul no âmbito da formação obrigatória em temáticas opcionais.
Sobre o projecto Capitólio
A integração do Capitólio pressupõe uma aproximação cénica ao sítio urbano - O Parque Mayer, - ao reabilitar o espaço como lugar de teatro.
Transformar o Capitólio é repor a sua “grande sala” e abri-la, lateralmente, para uma grande praça que “encaixa” o espectáculo.
Em esquemas sequenciais é evidenciada a capacidade de reconversão e adaptação do espaço à mutação da relação público / actores.
A reabilitação do edifício deve repor e melhorar o seu desempenho, atingindo a versatilidade compatível com os níveis de exigência das produções contemporâneas de espectáculos.
A “grande caixa” poderá ser transformada numa única “arena”, experimentando os “limites”… explorando múltiplos formatos de espectáculos.
A flexibilidade exigida corresponde a ampliar a capacidade de uso, o que significa um apetrechamento técnico acrescido.
Compatibilizar meios técnicos “mais pesados” com a leveza do edificado levanta o problema da “intocabilidade” do Capitólio como peça arquitectónica.
A retoma de funcionalidade do Capitólio pressupõe, apetrechar o “palco” e a “caixa” com meios técnicos de cena (luz, som e vídeo) sendo exigível que o “esqueleto técnico” pretendido seja minimizado, sob pena de “descaracterização” da “caixa”.
O recurso a meios técnicos de cena, implica reduzir a sua expressão arquitectónica, incompatível com o conceito da “caixa” e as linhas modernistas do edifício.
Sobre o projecto Parque Mayer
O Jardim Botânico é o centro, e constitui uma boa parte, da área em estudo. Situa-se entre os dois conjuntos edificados mais significativos da zona e ocupa uma cota de transição entre ambos. Uma unidade territorial estruturante daquele troço da cidade não pode deixar de partir do Jardim.
A proposta funda-se na extensão da sua massa arbórea, desde o actual limite até ao tardoz da periferia construída. Além de promover a continuidade ecológica com a Avenida, cria-se assim um anel de protecção, que permite uma utilização intensa e absorve o impacto nefasto da poluição, ajudando a preservar o equilíbrio do Jardim Botânico.
Aqueles espaços verdes são, na realidade, as coberturas do novo edificado. Mas, mais do que edifícios de cobertura ajardinada, o que se propõe é a ocupação dos espaços resultantes, sob os grandes planos contínuos que modelam a plataforma à cota superior. Noutros moldes, o paradigma é o da cidade histórica: elevada ocupação do solo, baixa altura de construção.
Embora contínua em conceito, essa camada edificada é profusamente aberta: permeável às ruas circundantes, atravessável no seu interior, recortada para o céu. Qualificando alguns troços existentes e criando outros, gera-se uma malha de espaço público pedonal que articula as duas cotas; o Capitólio é reenquadrado numa nova praça, onde todos os percursos desaguam.
Implementação de novas actividades e revitalização das actuais devem gerar mútuo benefício. Em torno do Capitólio recuperado, será natural um polo de artes performativas; na Politécnica, propõe-se um de artes plásticas. São actividades afins, com impacto económico-social e margem de crescimento; escolas e workshops, associados a residências temporárias, podem garantir uma programação de eventos em ambas as áreas, de forma continuada e económica. E, sobretudo, podem informalmente interagir com a vida da cidade, tomando o espaço público como palco principal. Já o desafio do Jardim Botânico é diferente: recuperá-lo e divulgá-lo sem comprometer um equilíbrio delicado e precioso.
via. www.oarsr.org